TRAUMATISMOS OCULARES

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O traumatismo ocular é uma causa importante de baixa visão em Portugal.

É uma das causas mais frequentes de diminuição da visão em crianças. Há uma maior incidência de lesões oculares graves nas idades compreendidas entre os 11 e os 15 anos comparativamente com outros grupos etários.

O traumatismo pode ser contuso, penetrante ou perfurante e pode estar associado à presença de corpo estranho intraocular.

Técnicas microcirurgicas melhoraram a capacidade de reparação das estruturas oculares, nomeadamente da córnea, íris e esclera.

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Caso 1 – Catarata traumática com sinéquias da íris (Vídeo)

Doente de 45 anos, saudável, que sofreu traumatismo do olho direito com uma pedra.
Do traumatismo resultou perfuração da córnea e catarata total com sinéquias da íris á cápsula anterior do cristalino, parcialmente fibrosada.

 
Aspecto do olho antes da cirurgia. Na segunda foto observa-se a perfuração da córnea.

 
Fotografias tiradas três dias após a cirurgia.

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Caso 2 – Catarata e coloboma traumático da íris

Doente de 78 anos, saudável, história de traumatismo do olho esquerdo com pau de madeira, há cerca de 10 anos. Acuidade visual do olho esquerdo, com melhor correcção, no pré-operatório era de 2/10 (+2).

Cirurgia de catarata, introdução de lente intraocular (Acrysof® +24 D) e colocação de anel com um segmento de íris (anel tipo 96F com diâmetro pupilar de 4 mm Morcher®) no saco capsular, através de incisão corneana de 3,2 mm, realizada em Julho de 2008.

Um mês após a cirurgia apresentava acuidade visual do olho esquerdo com -1,00×170º de 9/10 (-1).

Fotografias tiradas um mês após a cirurgia.

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Caso 3 – Anéis de aniridia, em doente monocular, após catarata traumática com ruptura do esfíncter da íris – Íris Artificial (Vídeo)

Paciente de 68 anos, saudável, monocular do olho direito por acidente de trabalho há cerca de 30 anos.

Traumatismo do olho esquerdo, com uma pinha, em Março de 2007. Operado a catarata traumática em Dezembro 2007, com introdução de lente intra-ocular (Acrysof® +25 D) no saco.

Perante as queixas de fotofobia e baixa visão que impossibilitavam o paciente de ter uma vida activa, foi necessário realizar implante de 2 aneis de aniridia (Tipo 50F diâmetro pupilar de 4mm Morcher®) no saco capsular, através da incisão corneana de 3mm (já realizada na cirurgia de catarata), em Março de 2008.

Fotografias tiradas no 1º dia pós-operatório (olho direito sem visão após traumatismo antigo e olho esquerdo com aneis da aniridia e bolha de ar superior, que é reabsorvida em dois dias).

Seis meses após a cirurgia, a acuidade visual do olho esquerdo (sem correcção) era de 5/10. Apresentava edema macular confirmado angiográficamente. Foi medicado com anti-inflamatórios tópicos durante três meses.

Angiografias aos 6 meses pós-operatórios (difusão de corante na área macular (mancha branca que surge após 1 minuto e 12 segundos do início do exame) – edema macular cistoide) e aos 9 meses (após medicação tópica já não se observa difusão de corante ao longo do exame – sem edema macular).

Nove meses após a cirurgia, a visão melhorou para 7/10 (sem correcção) e não apresentava edema macular.

Fotografia tirada na consulta, nove meses após a cirúrgia.
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Caso 4 – Explosão de granada na Guerra de Ultramar


Paciente de 50 anos, fumador, alcoólico, seguido em Psiquiatria.
Vitima de explosão de granada há 35 anos em Angola, da qual resultou lesão ocular bilateral.
Desde então, história de várias cirurgias a ambos os olhos, algumas após quedas.



A primeira fotografia mostra o aspecto do olho esquerdo na primeira consulta.
A segunda fotografia foi tirada 8 dias após a cirurgia (realização de transplante de córnea, limpeza de massas e vitrectomia anterior).
Aguarda recuperação e estabilidade cirurgica para colocação de lente intraocular.


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Caso 5 – Perfuração ocular por fragmento metálico


Ourives de 59 anos, saudável.
Perfuração do olho direito em 1992 com fragmento de ferro enquanto cortava uma árvore. Operado no dia seguinte.


1996 – Implantação de lente intraocular de câmara anterior de apoio no ângulo;

1997 – Substituição da lente intraocular por subluxação da lente colocada em 1996;

2005 – Cirurgia de descolamento de retina;

2008 – Extracção de lente intraocular de câmara anterior por descompensação corneana.

 



Fotografias tiradas na primeira consulta. Observamos córnea descompensada (turva); cicatriz no quadrante infero-nasal da córnea (correspondente à entrada do fragmento de metal) e consequente coloboma da íris (ausência de parte da íris no sector infero-nasal); parte do háptico da lente intraocular de câmara anterior na periferia do quadrante infero-temporal; iridotomia superior.



Fotografias tiradas ao 4º dia pós-operatório. Foi realizado transplante de córnea em simultâneo com a colocação de uma lente intraocular de câmara posterior, fixada à íris através de dois pontos, um dos quais reduzindo o coloboma traumático da íris (pormenor na quarta fotografia).
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25 comentários

  1. Dr, fiz cirurgia de catarata e no outro dia, notei uma bolha de ar dentro do olho, ao questionar o medico, este disse que era normal e com o tempo a bolha iria sumir, so que havia feito a cirurgia no outro olho e este fato nao ocorreu. Gostaria de uma opinião. Fis a cirurgia com o processo famacoemulsao. Obrigado

  2. Os meus cumprimentos, Sr. Dalton.
    Por vezes é necessário deixar uma pequena bolha de ar na câmara anterior (espaço entre a superficie da íris e a face posterior da córnea) para nos certificarmos que a lente intraocular que colocamos durante a cirurgia de catarata fica bem posicionada e que o olho está completamente estanque. Em média, esta bolha de ar é reabsorvida e desaparece após quatro dias.
    P.S. Ver "caso 2" acima (2ª fotografia).

    Álvaro Sá

  3. boa noite doutor.

    ha mais ou menos um ano minha mãe passou por uma cirurgia de catarata. notei que alguns dias depois a pupila dela estava em formato oblongo (tipo uma gota caindo) e não circular como o normal. questionei o medico e ele disse que essa reação era normal e que a pupila voltaria ao normal. porém ate hoje~isso não ocorreu. isso é normal? tem algum risco? é necessario reparar a cirurgia? agradeço desde ja a ajuda.

    daniela

  4. Os meus cumprimentos Dª. Daniela.
    A pupila da sua mãe pode ter adquirido esse formato após a cirurgia de catarata por vários motivos, entre os quais por lesão do esfincter da pupila durante a cirurgia, por posicionamento inadequado da lente intraocular, pela presença de uma banda vítrea após ruptura da cápsula posterior do cristalino, etc. Em qualquer dos casos, na minha opinião, a sua mãe deve ser novamente observada pelo oftalmologista porque algumas destas situações podem e devem ser corrigidas para prevenir eventuais problemas no futuro.

    Álvaro Sá

  5. Caro Dr. Álvaro:

    Gostaria de lhe parabenizar pelas explicações e casos reais.
    Realmente, todas as minhas dúvidas foram sanadas e estou muito tranquilo sobre os traumatismos oculares. Estava procurando por explicações sobre a bolha de ar que se forma após a facoemulsificação/implantação da lente e estou plenamente satisfeito.

    Meus parabéns e continue o bom trabalho.

    Saudações.
    Hudson

  6. Dr Sa,
    Esta bolha sai com maximo de 04 dias como o sr. disse, porem fiz esta cirurgia e esta bolha permanece a 05 meses. Ë normal??

  7. Os meus cumprimentos.
    Se tem uma "bolha" na câmara anterior que permanece há cinco meses, certamente não é de ar. Pode ser uma bolha de óleo de silicone que pode ter passado da cavidade vítrea para a câmara anterior. Se for esse o caso, a sua cirurgia não terá sido só à catarata.

    Álvaro Sá

  8. Meu nome é Ronaldo Spínola, moro em São Paulo – Brasil.

    Muito obrigado Dr. Álvaro Sá, meu pai acaba de fazer uma cirurgia de catarata no olho esquerdo dia 20/07/2013 e também notei uma bolha de ar, fiquei bem preocupado, mas a sua explicação me tranquilizou. Espero que a bolha seja absorvida porque já se passaram 5 dias e ela continua lá. Meu pai vai retornar ao hospital dia 30/07/2013 para um exame pós cirúrgico.

  9. Prezado Drº Álvaro,
    Boa noite.
    Há 2 meses foi diagnosticada com um macroaneurisma arterial de retina no olho esquerdo e o tratamento prescrito foram 3 aplicações de Lucentis. O referido procedimento foi feito no consultório da doutora e logo em seguida perdi, completamente, a visão do olho esquerdo.
    Foi-me prescrita uma cirurgia para corrigir a catarata traumática monocular e segundo o profissional, não será possível fazer a catarata por vias normais, já que há a rotura da cápsula posterior com catarata in vitreo. Pergunto: A catarata monocular guarda alguma relação com o procedimento ou princípio ativo contido na medicação?
    Desde já fico-lhe grata.

  10. Os meus cumprimentos.
    Por aquilo que descreve, infelizmente, a agulha da injecção intraocular perfurou o cristalino, rompendo a cápsula e fazendo com que, ao ser introduzindo o fármaco, tenha havido hidratação do cristalino e uma parte dele tivesse caído na câmara vítrea e você deixasse de ver. O que aconteceu aparentemente nada tem a ver com o princípio activo da injecção intraocular.

    Álvaro Sá

  11. Agradeço a iniciativa de esclarecimento por este veículo. Foi muito útil para mim. Minha duvida era sobre a bolha de ar após a cirurgia de catarata.

  12. Os meus cumprimentos.
    Quando uma pupila tem essa forma, a causa pode ser congénita (ex: Coloboma da íris por alteração no desenvolvimento embriológico) ou adquirido (ex: traumatismo, patologia sistémica que provoque alterações da mobilidade da íris ou atrofia de parte dela).

    Álvaro Sá

  13. Sr doutor foi operado 2 vezes a um olho devido a uma perfuração com um obje to metálico a 1 operacao foi pra fexar a lesao e a segunda por causa d uma catarata causada pelo traumatismo mas continuo a ter uma visão desfucada e normal

  14. Os meus cumprimentos.
    Apesar de ter sido operado à catarata traumática, pode manter a visão desfocada por vários motivos:
    – leucoma (cicatriz) corneano no eixo visual ou paracentral;
    – astigmatismo (regular ou irregular) induzido pela sutura da ferida corneana;
    – coloboma (defeito) da íris pós-traumático;
    – astigmatismo pelo "tilt" da lente intraocular (caso tenha havido subluxação do cristalino pós-traumático);
    – vitrite (inflamação do humor vítreo);
    – lesão da retina, etc.
    As melhoras,

    Álvaro Sá

  15. Prezado Doutor, boa tarde!
    Fiz uma cirurgia de catarata a uns trinta dias e notei uma bolinha na parte superior a direita do olho onde foi feita a incisão e mandei fotos para o médico e o mesmo disse que foi devido a espirros que tive, então a Iris começou a sair. Isso e possível ou foi complicação na cirurgia? e o que fazer agora?

  16. Os meus cumprimentos.
    Sim. É possível. Se, nos primeiros dias após a cirurgia de catarata, o paciente fizer esforços físicos violentos, a íris pode prolapsar através da(s) incisão(ões) corneana(s). A correcção desta situação deve ser realizada o mais rapidamente possível para evitar potencial infecção intraocular e/ou necrose da íris prolapsada.

    Álvaro Sá

  17. Dr. Alvaro Sá, boa noite.

    Doutor, há cerca de dois meses sofri um acidente e houve a perfuração de um dos meus olhos, em decorrência disso a íris tamponou a lesão, fui submetido a uma cirurgia onde devido ao tempo de espera, mais de 24 hrs, o médico optou por cortar um pedaço da íris, em virtude disso houve uma perda de parte dela. Meu oftalmologista me aconselhou a não realizar nenhuma intervenção cirúrgica para correção no momento, pois haveria o risco de perfurar o cristalino e ter de realizar uma cirurgia de catarata de emergência, optando pelo tratamento com LC. Gostaria de saber se há a possiblidade de realização da cirurgia, acredito pelo tamanho da lesão que considero menor que uma foto da página do doutor em que o paciente ao realizar cirurgia de catarata perdeu parte da íris, de pupiloplastia e se após a cirurgia de pupiloplastia o esfíncter da íris volta ao normal e ela terá a função de regular entrada de luminosidade normal novamente.

    Saudações. Thiago.

  18. Os meus cumprimentos Sr. Thiago.
    É verdade que ao realizar uma iridoplastia num paciente com cristalino, corremos o risco de provocar uma catarata por traumatismo durante a cirurgia. Para evitar esse tipo de complicação podemos, durante a cirurgia, implantar uma lente de câmara posterior (ex: ICL) que protege o cristalino de um eventual "toque" durante a correcção da íris. Após a iridoplastia essa lente é removida.
    Se no seu caso a remoção de parte da íris incluiu o esfíncter pupilar, a irido/pupiloplastia não vai restabelecer a função pupilar, isto é, a pupila não irá reagir ou reagirá de forma muito ténue às alterações de intensidade luminosa.

    Álvaro Sá

  19. Dr. Meu filho de 6anos apareceu com um ponto branco na ponta externa da íris do olho direito. O que pode ser??? Já marquei oftalmologista, mas para daqui a duas semanas, mas estou muito preocupada. Obrigada!!!

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